Movimento estudantil brasileiro e a importância do grêmio estudantil Prof. Dennis
Primeiro, agradeço a
contribuição de cada um para este evento: colegas professores, gestão,
convidados e alunos. Os alunos e alunas do CEU EMEF Paulo Gonçalo dos Santos
ficaram muito felizes em receber este evento e espero que essa ação contribua
para incentivar a participação dos alunos e alunas nos órgãos colegiados da
escola pública e no movimento estudantil como um todo.
Tivemos como objetivo principal
do evento homenageá-los pelo dia do estudante e ao mesmo tempo trazer à tona a
importância das ações políticas dos jovens nas grandes periferias de São Paulo,
com a possibilidade de exercício político consciente a partir do grêmio
estudantil no espaço escolar.
O debate e conversa a respeito
da importância do grêmio estudantil e de outras formas de organização política
de nossos jovens, foi muito importante, contamos com a grata contribuição dos
seguintes convidados: Matheus de Paula e Cláudia Romero Duarte (IEB-USP),
Vitória (UMES), e nosso aluno do 9º ano Kaique Menegon que faz parte do grêmio
da escola.
Nossos convidados abordaram
os seguintes pontos:
·
O papel do
adolescente na sociedade atual
·
Como surgiu o grêmio
nas escolas
·
O papel de cada um
dentro dos grêmios ou movimento estudantil.
·
O que motivou a
entrada no grêmio ou nas outras instituições estudantis.
·
Qual deve ser relação
do grêmio os demais estudantes
·
Como é a organização
dos estudantes nas suas instituições de ensino.
As ideias principais foram:
Valorização da organização política dos estudantes, formar estudantes sensíveis
aos problemas sociais que os cercam e valorização e defesa da escola pública.
Seguem abaixo algumas falas
importantes no evento:
Vitoria (UMES) abordou suas
práticas dentro da União Municipal dos Estudantes na defesa da escola pública e
sobre as manifestações dos estudantes contra a PEC do congelamento dos gastos
públicos, política do governo Temer e contra o fechamento das escolas públicas,
política do governo do Estado de São Paulo. Ela também esclareceu como eram
suas atividades no grêmio na ETEC onde estudou. Matheus (IEB) cursa história na
Universidade de São Paulo, e falou sobre as ações do grêmio estudantil quando
era estudante do ensino básico e enfatizou a importância do arquivo histórico das
instituições. Cláudia Romero nos agraciou com uma dinâmica muito interessante,
reconhecemos a partir desta dinâmica o quanto os alunos da periferia da cidade
não tem identidade com o seu país. E por último, o aluno Kaique (CEU-EMEF) nos
ajudou a compreender o movimento estudantil ao longo do Brasil colônia e início
do século XX.
Reproduzo abaixo
integralmente minha fala durante o evento:
Não podíamos viver momento
mais oportuno para um conversa dessa importância. Isso aqui é um ato de
resistência dos mais pobres, a resistência de trabalhadores e filhos de
trabalhadores. O problema da representação: Quem me representa? Estou isolado?
Quem toma as principais decisões, sabe que eu existo?
Os movimentos sociais foram
criados para reunir pessoas com interesses comuns, pessoas que tentam o tempo
todo desafiar o tirano, o rei, o chefe, o ditador, aquele que manda, serve para
chamar a atenção do Estado para que este regule a vida em sociedade de uma
forma a não só conceder privilégio a alguns, mas também direitos a todos: Mas,
o que é movimento social? É o grêmio Ariano Suassuna, é a UPES, é a UMES, são os
sindicatos. Nunca recebi o incentivo de ser político e nunca recebi diretamente
de ninguém o gosto por fazer parte do mundo da política. Todos os dias somos bombardeados
por notícias que tenta nos impor a ideia de que a política não passa de um jogo
sujo feito por políticos corruptos, a palavra corrupto é o tempo todo
enfatizada na televisão, rádio e internet e o povo com isso, se afasta desse
mundo. Fala-se dos corruptos, mas não se falam dos corruptores, aqueles homens
e mulheres que compram os políticos corruptos.
Como eu disse anteriormente,
eu nunca me envolvi com o grêmio na escola, infelizmente poderia ter
desenvolvido esse gosto pela política mais cedo, só fui reconhecer a
importância do movimento estudantil na faculdade. Agora eu digo a vocês meus
alunos e alunas: sejam políticos e políticas, elejam-se como representantes do
grêmio, elejam-se como representantes do sindicato, elejam-se como vereadores
do seu bairro, representem os mais pobres, os desfavorecidos, aqueles que não
têm seus direitos sendo respeitados: os sem-teto, os sem-terra, o negro, o
LGBT, a mulher, os operários e operários, trabalhadores e trabalhadoras. Não
somos enganados pelos políticos, mas por quem os controla – a elite do atraso.
Reclamamos, criticamos, não aceitamos as regras estabelecidas, mas o que
estamos fazendo para mudar? Colegas professores e alunos e alunas falam mal de
coisas, pessoas, governos, sistemas, mas o que estão fazendo para mudar?
Finalizo aqui citando uma
parte da música do artista brasileiro chamado: Alexandre Magno Abrão, cujo
apelido é Chorão: Eu vejo na TV o que eles falam sobre o jovem não é sério. O
jovem no Brasil nunca é levado a sério.
Eu tomei a liberdade de
acrescentar: O adulto pobre, preto, da classe trabalhadora no Brasil, nunca é
levado a sério, ao menos que se organize, que estude, que assuma a sua
situação, seja ela qual for e busque na união com os iguais, a superação aos
problemas sociais.
Vocês, meus caros alunos e
alunas, têm duas coisas que nós não temos: tempo e energia. Aproveitem isso e
organizem-se para a luta.
No início e no final do
evento contamos com a grata contribuição da professora Claude Ferreira Souza e
seus alunos e alunas do projeto inglês com música que realizaram uma
apresentação no início do evento. E no final a Profª Claude e os alunos e
alunas do grêmio estudantil fizeram uma apresentação cultural a partir da
música Viverei da artista brasileira Ana Cañas.
Texto e fotos cedidos pelo próprio professor Dennis.
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